terça-feira, 26 de outubro de 2021

NA MOUCHE (PARTE 1)

“Pois nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas contra governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais.“ - Efésios 6:12 (NVT)

Sempre gostei de fazer tiro ao alvo! Estou a falar do verdadeiro tiro ao alvo, ou seja, com arco e flecha, ou com zarabatana, ou com as pequenas setas lançadas à mão, ou mesmo o tiro com real arma de fogo. Neste domínio de armas de fogo, a experiência vem pelo cumprimento do serviço militar que realizei há uns bons anos na “Cavalaria”. Cada arma tinha o seu modo correto de funcionar e lembro-me duma arma em particular que era de extrema dificuldade de manuseamento para conseguir acertar no centro do alvo, “na mouche”. Era uma pistola de coldre, de uso pessoal, denominada "Colt". Era por demais difícil acertar no alvo, pois o “coice” que esta dava ao apertar o gatilho, levava a acertar no chão, e a poucos metros de nós, vezes sem fim! Era um perigo! Nesses exercícios de tiro aprendi diversas técnicas. Por exemplo, a postura e firmeza de punho, braço e ombro eram fundamentais para conseguir um bom tiro, e utilizar o nosso “olho diretor” era essencial para que a mira realizada fosse a mais perfeita. A concentração tinha que ser absoluta. A mente, o foco no pensamento e o controlo dos músculos eram exclusivamente focados naquela única tarefa - o tiro “na mouche”.

Hoje vivemos num mundo que nos assalta minuto a minuto, sem tréguas, com informação de todo o género. A concentração no exercício de uma função, ou mesmo de poucas funções, torna-se um desafio de grandes dimensões e grande dificuldade. Preocupamo-nos com tudo o que se passa à nossa volta, mas refiro-me no sentido egocêntrico, ou seja, questionando de que forma nos veem, se estamos a ser conciliadores de apreços, ou se temos sucesso em agradar a tudo e a todos! Mas isto é uma grande mentira que, tantas vezes, insistimos em permanecer.

[Continua na próxima semana…]

terça-feira, 19 de outubro de 2021

PANORAMA

“A visão interna é a bússola do líder. Quando ele a perde e as situações começam a forçá-lo a agir, ele torna-se um líder só no nome. Ele deixa de liderar para apenas reagir a situações imediatas e, provavelmente, não permanecerá como líder.” - in “The Servant as Leader” de Robert Greenleaf.

Nesta contínua guerra em que vivemos no quotidiano, são tantos os que se amoldam às circunstâncias e passam a alterar planos, projetos e ideais por diretrizes provisórias e passageiras... Não me refiro a tudo quanto possamos agregar em virtude de processos de confinamentos, restrições ou alterações de "modus vivendi" advindos destes últimos tempos. Isso até tem contornos positivos! Temos assistido a muitas iniciativas criativas que visam o aproveitamento destas circunstâncias ditas de adversas, e sou apreciador da criatividade e originalidade que esta necessidade tem trazido em, praticamente, todos os domínios. Refiro-me, antes, ao baixar os braços numa atitude de aceitação mórbida pelo contexto imposto, como que se não existisse mais luz nenhuma ao fundo do túnel. Precisamos olhar e ver o panorama geral que temos! Levantar os olhos e relembrar as verdadeiras e originais motivações que nos têm levado a vencer os mais variados desafios, guerras e lutas por que temos passado. Este panorama não é mais do que insistir num processo vivido que vislumbra, continuamente, a chegada a uma linha de meta. E é aqui que tantas vezes temos falhado, tentando nos adaptar com sérios riscos de perdermos esta essência.

A Bíblia fala-nos de um personagem fiel a um panorama, a uma visão e a um objetivo. É o Rei David. Um homem que tinha uma grandiosa visão. Contemplava continuamente um panorama global sempre presente e, com ele, avançava nas guerras, nas lutas, nos desafios e nas dificuldades. Juntamente com David, muitos eram arrastados nesta “contemplação” do “seu” panorama e eram incluídos em processos que, até hoje, são inspiradores.

David vivia sob o panorama da construção de um grandioso templo onde todos pudessem achegar-se a Deus, contemplar a Sua Presença, a Sua Ação e a Sua Vida. Este David lutou, projetou e exerceu o seu reinado em molde a que este projeto caminhasse sempre, sem parar, independentemente das guerras com conquistas e derrotas pelas quais teve que passar. David contemplava o “seu” panorama e residia fielmente nele.

Hoje, mediante os processos, projetos, contextos e mudanças em que vivemos, estamos a ser chamados a observar o panorama e a caminhar em direção ao cumprimento deste. Creio que precisamos humilhar-nos e reconhecer que a nossa distração é a distração do mundo, e que o inimigo avança nesta guerra a despeito de teres, ou não, um panorama presente.

Prepara o teu panorama!

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

PODER

“Pois Deus não nos deu espírito de cobardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” - II Timóteo 1:7 (NVI)

Em 1990, os Snap, uma banda de música eletrónica germânica, lançou um tema que se tornou um êxito mundial - ”I’ve got the power”. Uma música vazia de sentido, mas que o seu refrão enfatiza o desejo e vontade do ser humano em ter poder para os mais diversos apetites e desejos. Ter poder é algo que é mais que apetecido pelo ser humano. É algo inato, faz parte da sua característica natural!

Quando Deus criou o homem e a mulher, Ele ordenou que tivessem domínio e poder sobre a Sua criação (Gn. 1:26). Deus inflou as narinas do homem com o Seu fôlego de vida (Gn. 2:7). Este fôlego de Deus é um fôlego sobrenatural, cheio de Poder para capacitação do homem em vitória perante todas as adversidades.

É vontade de Deus que o ser humano tenha poder sobre todas as coisas, não numa atitude de subjugação, mas numa atitude de serviço e influência em todas as circunstâncias contrárias a este Poder de Deus! O Poder de Deus é-nos dado por Ele mesmo... É-nos dado! Só temos que caminhar, assumir e desenvolvê-lo em nós, sendo portadores da ação sobrenatural de Deus. Nesta caminhada de guerra, eficiente, o Poder é essencial e insubstituível!

Neste momento de batalha, em tempos pandémicos que atravessamos como humanidade em todo o mundo, toda a criação de Deus aguarda a manifestação dos que têm o Poder de Deus e que exercem este Poder sem tréguas e sem cobardias. Reveste-te do Seu Poder!

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

INGÉNUOS

“Entregue o seu caminho ao Senhor, confie nele, e Ele agirá.” - Salmo 37:5 (NVI)

5 de Outubro de 1998 - Era o último dia de um retiro de jovens que, junto com a minha esposa, tínhamos organizado e dirigíamos. Ali estávamos, com aproximadamente 40 jovens e adolescentes, num tempo de presença sobrenatural de Deus, movendo-se em curas, manifestação pessoal a cada participante, salvações e muito mais. Foi a partir deste retiro que a igreja que hoje pastoreio, a Igreja da Renovação, se iniciou.

Nesse mesmo dia, e de forma surpreendente, pois estava mais interessado em dar do que em receber, sou batizado no Espírito Santo. A explicação do sucedido será sempre insuficiente e não o conseguiria fazer aqui nestas linhas. Mas, desde esse momento, toda a minha perspetiva de vida, de ministério e de profundidade, se transformou abruptamente. Sumarizando, passou a existir uma visão dilatada do Reino de Deus, de tal forma que em tudo o que pensava ou imaginava desenvolver, era em total segurança e sem medos.

Comecei a estabelecer o que chamo de “critérios de ingenuidade”. É verdade! Para ser ingénuo também se deve ter critérios. O fundamento para estes critérios está numa total dependência do Espírito Santo. Significa, enfim, basear cada decisão e projeto no procedimento de um perfeito e absoluto “ingénuo”, para que sempre seja operado com surpresa e expectativa, e nunca faça limites à ação de Deus! Tem-se tornado um exercício delicado e surpreendente mas, acima de tudo, só funciona quando a Palavra de Deus está bem presente e é parte inclusiva e operante em cada processo. Tenho visto que Deus opera mais facilmente com os ingénuos, com aqueles que avançam em total confiança na operação sobrenatural de Deus, mesmo não entendendo muito bem como é que as coisas acontecem! Quando nos acostumamos humanamente aos processos de Deus, passamos a limitá-lo e a impor as nossas próprias restrições ao seu mover.

A ingenuidade, na ação dos processos de Deus, tem sido uma arma poderosa para nos locomovermos em resposta às necessidades do mundo atual, e hoje, mais que nunca, estas necessidades estão bem expostas para que a Igreja de Jesus possa ser uma resposta visível e audível!

As oportunidades estão aí, pululam à nossa volta e esperam soluções, as quais só tu e eu podemos fornecer. Com Deus e a Sua realização, sê ingénuo!

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro