quarta-feira, 29 de abril de 2020

A CULPA, MEU CARO BRUTUS, NÃO ESTÁ NAS ESTRELAS...

“Assim, cada um de nós será responsável por sua vida diante de Deus.” – Rm. 14:12 (NVT)

A frase incompleta que trago no título deste texto, provém duma obra literária clássica: a tragédia “Julius Cesar” de William Shakespeare. Trata-se de uma peça teatral, que retrata a conspiração contra o ditador romano Júlio César, baseada inteiramente em factos reais da história romana. Nesta história existia um personagem de nome Marcus Junius Brutus, sobrinho do imperador romano Júlio César ou, eventualmente, seria mesmo seu filho segundo alguns historiadores, e este era um dos conspiradores para o assassínio do imperador.

Existem alguns diálogos entre estes dois personagens e, em determinada altura, a conversação leva a esta frase que aqui está de forma incompleta. Esta, neste caso, revela a responsabilidade que Brutus deveria assumir nos processos que estava a realizar, mesmo em domínios de conspiração e traição. A frase completa é: “A culpa, meu caro Brutus, não está nas estrelas, mas em nós próprios!” Muito interessante... O próprio traído levava o traidor a assumir e viver na responsabilidade das acões assumidas!

Mas nós, como cristãos, filhos de Deus, somos responsabilizados para o bem e não para o mal, e devemos viver na responsabilidade que nos tem sido outorgada pelo próprio Deus. Tu e eu somos sal da terra e luz do mundo (Mt. 5:13,14), chamados para proclamar as grandezas de Deus (I Pd. 2:9). Não vais ficar à espera que sejam os outros a levar a tua responsabilidade avante... Não podes fazer isso!

Hoje, e a partir deste momento de mudanças profundas que estamos a viver em todos os domínios, tens a oportunidade única de te deixares transformar e transformar tudo o que está no teu mundo e à tua volta. A responsabilidade da tua vida está nas tuas mãos, mas Deus quer potencializá-la muito acima do que tens pensado ou idealizado.

Não esqueças jamais: Deus conta contigo e entregou-te responsabilidades pessoais e exclusivas.

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro

quinta-feira, 23 de abril de 2020

SÍNDROME DE CALIMERO

“O homem respondeu a Deus: ‘Foi a mulher que me deste! Ela me ofereceu do fruto, e eu comi.’ ” – Gn. 3:12 (NVT)

Desde os anos 60 que existe um personagem de animação, e que muitos se devem lembrar – o Calimero. Este era um pintainho de cor negra, o único entre uma família de galos amarelos. Vestia metade da sua casca de ovo sobre a cabeça e, assim, protegia a sua identidade. Era uma proteção para encobrir o medo em que vivia.

As características deste famoso pintainho eram a sua meiguice, aspeto e voz frágeis, triste e infeliz, chorão e muito queixoso de tudo. Era um personagem que trazia um peso em cima dos ombros devido a tudo e todos que o circundavam e com quem se relacionava.

Lembro-me bem, quando eu tinha por volta de 7/8 anos, que era por demais irritante aturar este personagem. Tudo o que lhe acontecia era culpa dos outros e sempre tinham por objetivo prejudicá-lo! Honestamente, eu não aguentava o Calimero! O Calimero carregava um síndrome de perseguição e culpabilização do sistema. Nunca era culpado de nada e sofria sempre por causa dos outros! Chamo a este síndrome, o síndrome de Calimero.

Hoje assistimos a uma cultura maioritariamente “calimeriana”. A culpa é do governo, do país, do chefe, do colega, da esposa,  do filho, do baixo salário, da genética, da igreja ou até do pastor! Os “calimerianos” gostam de ser irresponsáveis e atiram as culpas para todos os demais! Adão e Eva sofriam deste mesmo síndrome, e nem um, nem outro, assumiram a culpa da desobediência às ordens de Deus.

Jesus veio para nos recuperar integralmente deste síndrome que se apossou da raça humana. Ele aceita-nos como estamos, mas transforma-nos em quem Ele quer que sejamos.

Jesus já te transformou? Ou ainda és uma “teoria calimeriana”?
Em Jesus há transformação. Segue-O e sai dessa!

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro

quinta-feira, 16 de abril de 2020

A DEPURAÇÃO DO ONLINE

"Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado." - Mt. 25:29

Estamos a viver no tempo pleno e integral de dependência do online. Com isto não estou a dizer que é mau, nem que é bom.

As empresas subsistem com os seus colaboradores em tele-trabalho, o ensino faz-se em vídeo-conferência, compra-se e vende-se através de sites de comércio online, os congressos e conferências são convertidos em webinars, as famílias falam-se e vêem-se por aplicações em smartphones, as igrejas transmitem as suas liturgias pelos diversos canais digitais, os personal-trainers fazem os seus treinos nos seus canais YouTube, os couchers e influencers dão as suas palestras ou mostras motivacionais nas redes socais, as entrevistas são realizadas em diretos no instagram... E esta lista não acabaria tão depressa!

O facilitismo de aceder ao que se quer e quando se quer nunca foi tão elevado! E com esta facilidade sempre há um lado avesso. Qual é este lado?

O ser humano (principalmente o latino) sempre foi exímio em fazer parecer muito, fazendo pouco. E esta redundância de agenda online tem levado muitos a se especializarem neste âmbito de ação fraudulenta. Há empresas que estão a ter problemas com funcionários que não cumprem os seus horários de tele-trabalho contratual, alunos há que não assistem às aulas online marcadas, e assim vai acontecendo nos diversos domínios já mencionados.

O que ainda é de lamentar mais, é verificar aqueles que na Igreja estão a proceder da mesma maneira. Aproveitando o online para se desligarem das suas responsabilidades e compromissos assumidos no chamado e comissionamento deixado por Jesus. Afinal, o que fazemos para a construção do Reino de Deus na terra é somente para ser visto? Para agradar a alguém? Mas quando não nos vêem, desaparecemos?

Este é um tempo de depuração! Depurando, tudo fica mais puro, e para o novo tempo que a igreja e mundo vai viver, esta depuração precisa-se. Afinal, o covid-19 estará a ser uma ferramenta de depuração?

Faz a tua parte, usa tudo o que Deus depositou em ti e honra o que os outros te confiaram. Avança e multiplica para o novo!

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro

quarta-feira, 8 de abril de 2020

PESCADINHA DE RABO NA BOCA


"O cão voltou ao seu próprio vómito; a porca lavada, ao espojadouro de lama." - 2 Pd. 2:22

Tanto esta expressão portuguesa, como este versículo bíblico, são possuidores de palavras muito fortes e com um significado sensível para alguns. Significado com uma conotação negativa e nada agradável.

Nesta passagem do segundo livro de Pedro, o autor revela a natureza duvidosa e pecaminosa dos homens e mulheres que são dados como falsos profetas e falsos mestres. Mas, afinal, quem são estes falsos? Bem... Tudo o que é falso é aquilo que não é verdadeiro, certo? Pois verifique cada um o que é, e veja-se com olhos de análise e verificação da condição de falsidade ou verdade em que anda e caminha. Todo aquele que profere uma coisa mas faz outra, é falso.

Vivemos um tempo em que a igreja está sob a mira dos ouvintes de púlpitos! Pois é! Tudo aquilo que outrora proferimos e declaramos como filhos de Deus, como cristãos, ou como pertencentes a uma determinada igreja, é agora motivo de julgamento pelos demais que estão à nossa volta. E devo dizer... É muito certo e natural que isso aconteça. Este é o momento em que tudo o que já declarei da minha experiência ou não com Deus, deve ser manifestado e testado.

Meu querido leitor! Estamos a viver o momento de quebrarmos o ciclo repetitivo de "falsos" que toda a vida poderemos ter levado. Agora é o momento, pois o tempo que aí vem será o de ver expresso, em tudo e em todos, tudo aquilo que semeamos!

Não estejas preso no ciclo duma pescadinha de rabo na boca!

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro

quinta-feira, 2 de abril de 2020

PAGAR O PREÇO

“...anulou a conta da nossa dívida, com os seus regulamentos que nós éramos obrigados a obedecer. Ele acabou com essa conta, pregando-a na cruz.” – Cl. 2:14 (NTLH)

Há poucos meses estive na Coreia do Sul. Participei de diversas iniciativas levadas a cabo por uma mega-igreja em Seul, entre elas, uma conferência para pastores e líderes oriundos de 120 países. Éramos 500 pastores em representação destas nações que coabitamos, e oramos, celebramos e profetizamos as verdades do Reino de Deus sobre a terra e o ser humano.

Entre estes pastores e líderes, conheci um pastor do Mianmar (antiga Birmânia) onde se tem vivido um tempo de grande perseguição e genocídio aos cristãos e aos muçulmanos. O Mianmar é um país budista. Era um homem jovem, por volta de 40 anos de idade, franzino, de aspeto frágil, alegre, casado e pai de 5 filhos, usava um nome falso e não podia aparecer em fotos. Tudo por causa da perseguição no seu país.

Em algumas conversas que fui tendo com ele, espantou-me a sua coragem e ousadia no seu discurso e experiência de uma vida perseguida mas cheia de graça do Pai, correndo risco de vida com ameaças de morte. Confessava-me ele que, tinha a certeza, mais dia menos dia, ele e a sua família seriam certamente assassinados. A certa altura perguntei-lhe porque não pegava na sua família e vinha viver em segurança noutro país. Fiquei envergonhado com a sua resposta peremptória e clara. Ele disse que as pessoas que seriam alcançadas pela sua vida e pelo seu ministério precisavam que ele continuasse lá, caso contrário, não seriam alcançadas e caminhariam enganadas para o inferno! Fiquei sem fôlego, as lágrimas vieram-me aos olhos e senti uma vergonha como nunca!

Apesar de Jesus ter pago o preço completo na cruz do calvário (“Está consumado” – no original grego “Tetelestai”) e o Apóstolo Paulo nos refrisar essa verdade em Colossenses 2:14 (“anulou a conta da nossa dívida” – no original grego “Tetelestai”), este preço não anula a ação/reação devida à proclamação do Evangelho neste mundo.

Hoje, uns quantos dizem-se prejudicados pela pandemia Covid-19, preocupados pelas suas vidas, atividades e prazeres. Mas, verdadeiramente, não estamos sequer a pagar qualquer preço em favor dos demais.

Acorda igreja, acorda ser humano. Há um preço a pagar e tu tens um para pagar!

Com amor,
Pr. José Carlos Ribeiro