Sempre gostei de fazer tiro ao alvo! Estou a falar do verdadeiro tiro ao alvo, ou seja, com arco e flecha, ou com zarabatana, ou com as pequenas setas lançadas à mão, ou mesmo o tiro com real arma de fogo. Neste domínio de armas de fogo, a experiência vem pelo cumprimento do serviço militar que realizei há uns bons anos na “Cavalaria”. Cada arma tinha o seu modo correto de funcionar e lembro-me duma arma em particular que era de extrema dificuldade de manuseamento para conseguir acertar no centro do alvo, “na mouche”. Era uma pistola de coldre, de uso pessoal, denominada "Colt". Era por demais difícil acertar no alvo, pois o “coice” que esta dava ao apertar o gatilho, levava a acertar no chão, e a poucos metros de nós, vezes sem fim! Era um perigo! Nesses exercícios de tiro aprendi diversas técnicas. Por exemplo, a postura e firmeza de punho, braço e ombro eram fundamentais para conseguir um bom tiro, e utilizar o nosso “olho diretor” era essencial para que a mira realizada fosse a mais perfeita. A concentração tinha que ser absoluta. A mente, o foco no pensamento e o controlo dos músculos eram exclusivamente focados naquela única tarefa - o tiro “na mouche”.
Hoje vivemos num mundo que nos assalta minuto a minuto, sem tréguas, com informação de todo o género. A concentração no exercício de uma função, ou mesmo de poucas funções, torna-se um desafio de grandes dimensões e grande dificuldade. Preocupamo-nos com tudo o que se passa à nossa volta, mas refiro-me no sentido egocêntrico, ou seja, questionando de que forma nos veem, se estamos a ser conciliadores de apreços, ou se temos sucesso em agradar a tudo e a todos! Mas isto é uma grande mentira que, tantas vezes, insistimos em permanecer.
[Continua na próxima semana…]