"De repente, Festo gritou: 'Paulo, você está louco! O excesso de estudo o fez perder o juízo!'." - Atos 26:24 (NVT)
(Continuação da semana passada...)
Se em Jesus podemos ver um exercício de variedade de coisas "loucas", como não pensar na "loucura da pregação" a que Paulo se refere em I Coríntios 1:17-31 e 2:1-16? Como não verificar que a mensagem da cruz é inadmissível, e o comportar da ação do Seu Reino entre nós aqui na terra é incompreensível à perspetiva humana? Como cabe na razão humana que um Deus pôde enviar o Seu Único Filho para morrer por figuras que Ele criou, sabendo que iriam pecar? E de onde vem tanto amor? Só um atestado de "loucura" pode justificar estas interrogações!
Desde sempre existiu a suspeita de que os crentes são fanáticos: no Sinédrio, Gamaliel, doutor da lei e fariseu, ao debruçar-se sobre a pregação cristã, citou como precedentes os casos de dois movimentos sectários liderados por Teudas e Judas, o que evidencia a acusação que pesava sobre a comunidade cristã em seu nascimento (At 5:34-41); numa audiência judicial, na presença do rei Agripa, o governador Festo disse ao Apóstolo dos Gentios: “Paulo, você está louco!" E qual era a "loucura" de Paulo? Ele falava da ressurreição de Cristo como fundamento da salvação.
Voltando ao episódio de base a este texto devocional referido na parte 1 - “E foram para uma casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão. E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.” (Marcos 3:20-21) - abro agora um parênteses para pensar sobre a situação de Maria que, aqui, estava junto com os restantes familiares que vieram buscar a Jesus. Nesta altura, Maria, parece não se ter lembrado das coisas que o anjo Gabriel lhe dissera ao anunciar o nascimento de Jesus (Lucas 1:26-38). Também aqui vemos coisas “muito loucas”:
1) Ela mesma fora escolhida dentre todas as mulheres para uma missão extraordinária;
2) Ela era virgem, e conceberia do Espírito Santo;
3) O Seu Filho seria “grande”, chamado “Filho do Altíssimo”, rei constituído por Deus, para sempre, sobre o trono de Davi.
Agora, esse Filho estava ali, dentro de uma casa de terceiros, sem se alimentar, cercado por uma multidão ansiosa e em franca contradição quanto aos fariseus e escribas, que representavam o sistema religioso… A meu ver, talvez Maria tenha pensado que tudo aquilo que presenciava estava muito distante do que lhe fora prometido pelo anjo.
Jesus, Paulo, Maria... Todos estes são elementos que fazem parte desta gente louca que parece mover-se num sentido contra corrente e, tantas vezes (se calhar todas as vezes!), julgados como insanos pela conjuntura de vida e do sistema humano! Mas Que Bando!
Estarás a ser julgado como parte deste bando? Será bom que assim seja...
(Continua na próxima semana...)